Caras Amigas e Caros Amigos.
Estimadas e Estimados Leitores.
Outra(s) e Outro(s).
No dia 26 de Setembro de 2019, na passada quinta-feira, terminou a minha Liberdade Condicional. A minha pena de prisão efectiva de 5 anos e 6 meses, pela prática de um crime de violação de segredo de funcionário agravada e pela prática de um crime de corrupção passiva (na forma de vantagem patrimonial futura!!!) foi cumprida!
Para os Tribunais portugueses sou um homem livre novamente (para mim nunca deixei de o ser: livre!).
Hoje, dia 30 de Setembro de 2019, quando faltam 5 dias para este espaço completar 5 anos, encerro o blogue “Dos Dois Lados das Grades”.
O primeiro texto que aqui deixei, a 4 de Outubro de 2014, no dia de anos da minha filha Maria Helena De Sousa, tinha como título: “Todos vêem o que aparentas ser, poucos percebem quem tu és” (Nicolau Maquiavel).
Espero que os textos que publiquei permitam a todos Vós perceberem um pouco mais quem eu sou e o que me fizeram.
Espero que a forma como me conduzi durante a privação e provação provem quem realmente sou.
Sou o mesmo, agora, tal como o era a 26 de Março de 2014, dia da minha detenção.
Sou o mesmo, agora, tal como o fui durante a minha prisão preventiva.
Sou o mesmo, agora, tal como o fui durante o meu julgamento.
Sou o mesmo, agora, tal como o fui durante o tempo que cumpri pena efectiva.
Não negociei a minha Honra.
Não traí ninguém.
Não denunciei colegas.
Não capitulei.
Penei, chorei mas não cedi um milímetro.
Podia deixar-Vos agora os nomes de quem foi o meu suporte e ajuda, podia ofertar-Vos os nomes de quem não dignificou a sua condição de Homem e de Mulher. Não o farei porque está tudo nos textos que escrevi ao longo destes 5 anos.
Os agradecimentos e as merecidas homenagens farei pessoalmente; o merecido castigo para aqueles que me traíram e/ou prejudicaram não o aplicarei, não perderei tempo com “vendettas”, o Tempo encarregar-se-á disso mesmo conjuntamente com o erguer da minha Casa: o pior dos castigos para quem inveja.
Não Vos maçarei mais.
Deixo-Vos um poema, algo que me diz muito e que é um referencial de conduta, um manual de comportamento, um poema que ilustra bem o sucedido agora que se fecha um ciclo. Traduzi o mesmo “à minha maneira”!
“E agora que o fim está próximo (ou que o tormento já acabou)
E eu encaro a cortina final (fecha-se este ciclo)
Meu Amigo, eu falarei claro.
Eu vou expor o meu caso do qual tenho certeza.
Eu vivi uma vida cheia, viajei por todas as estradas.
E mais, muito mais do que isto… eu fi-lo à minha maneira!
Arrependimentos, eu tive alguns
Mas foram poucos para agora os mencionar.
Eu fiz o que tinha de fazer e vi tudo sem excepção (o quanto eu vi e ouvi!)
Eu planeei cada caminho no mapa,
Cada passo, cuidadosamente, ao longo do atalho (mas não o atalho que eles disseram que eu percorri)
Oh, mas mais, muito mais do que isto… eu fi-lo à minha maneira!
Sim, houve alturas, eu sei, tenho a certeza que sabias,
Em que mordi mais do que podia mastigar.
E durante tudo isso, quando haviam dúvidas,
Eu engolia e cuspia fora.
Eu encarei tudo e continuei de pé… e fi-lo à minha maneira!
Eu amei, ri e chorei,
Tive as minhas vitórias e a minha parte de derrotas (mais Derrota que Vitória)
E agora que as lágrimas diminuem,
Eu acho tudo tão divertido (acreditem que é assim mesmo)
Pensar que eu fiz aquilo tudo e permitam-me dizer que não foi de maneira tímida (este blogue e tudo o mais provam-no!)
Oh não, não eu… eu fi-lo à minha maneira!
Para que serve um homem? O que é que ele tem?
Se não for ele mesmo, então não tem nada!
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de quem se ajoelha
O registo mostra que eu recebi os golpes
E FI-LO À MINHA MANEIRA!”
Compos sui semper!
Bem-haja para todos Vós, grato pela atenção dispensada!